sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A diferença da fronteira.

"Paradoxo da fronteira: criados por contatos, os pontos de diferenciação entre dois corpos
são também pontos comuns(...) A quem pertence a fronteira?"(CERTEAU,1994, p.213).

Ao longo da história, em especial do desenvolvimento da ciência, a diferença entre conceitos e teorias foi o que sempre motivou contemporâneos a, continuamente, questionarem o que foi publicado anteriormente como teoria, fazendo com que o conhecimento global fosse sempre guiado pelas perguntas e pelo questionamento.

Isso mostrou claramente fronteiras ideológicas, e resultou em diversos seguimentos do conhecimento, formados por grupos que contrastavam em idéias.


Lamark e Charles Darwin são exemplos de fronteiras ideológicas contrastantes : ambos teorizavam a evolução das espécies, mas enquanto Lamark colocava o ambiente como influente ativo e principal na modificação dos organismos, Darwin teorizava que o ambiente apenas selecionava naturalmente as variações mais favoráveis.

Logo, a teoria darwiniana se tornou um símbolo da evolução das espécies e, no entanto, a comunidade científica continua o questionamento da mesma, formando-se seguimentos neo-darwinistas, entre outros tantos.

Mas existem também muitas outras fronteiras.


Sócio-econômicas, políticas ou ideológicas, por exemplo. 

Contudo, é a fronteira ideológica que movimenta todas as outras áreas limítrofes.
A partir dela, cria-se conhecimento, que rege toda a sociedade em que vivemos, formando cidadãos que influenciam as pessoas ao seu redor e deles todos, originam-se também os políticos que farão as leis e governarão a cidade/estado/país, bem como cidadãos eleitores de diversas classes econômicas.

É possível ver o conhecimento sendo feito a cada passo que damos, num dia comum, assim que vemos duas ou mais pessoas debatendo sobre algum assunto, cada uma com suas diferentes idéias, questionando e construindo através do ponto comum que todas as fronteiras possuem: A diferença. Tendo em vista que todos , como seres sociais, se relacionam, influenciam e são influenciados uns pelos outros, podemos dizer que somos feitos pela própria fronteira.


As fronteiras devem pertencer então, ao comum e ao diferente, que juntos, fazem parte de nós e guiam, através de perguntas ( e não respostas apenas) a evolução de nossa espécie.


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