sexta-feira, 2 de abril de 2010

Destino por mérito e ousadia.

"Matar um sonho é nos matar [...]", como citou Fernando Pessoa. E ela não queria morrer.
Laura sabia aonde queria estar, e era num lugar diferente do que se encontrava.

Com uma bandeja de xícaras de café nas mãos, a jovem que tinha acabado de fazer 18 anos, na década de 70, se direcionava para a sala da triagem da pequena empresa têxtil em que trabalhava,quando parou no meio do corredor que dava acesso ao seu destino, não resistiu e olhou para a sala das administradoras datilógrafas, almejando aquele posto.
Para quem a visse, com a bandeja na mão, pensaria, se soubesse do que ela queria, que o que idealizava, não passava de um futuro platônico, mas para Laura, sonhos, idéias e palavras eram coisas imortais, á prova de balas, em especial, ás balas do conformismo.


Se o sonho de datilógrafa parecia distante, o de advogada parecia mais ainda, profissão esta que escolhera desde criança, e para isso vinha estudando até que começasse a trabalhar.
Laura vivia numa família impositiva no ciclo vicioso de crescer, alfabetizar-se, e trabalhar o quanto antes, acreditando que essa era a melhor e única forma de se viver, sendo o simples fato de desejar ter um curso superior, ousadia demais.

Numa tarde chuvosa, ela volta para casa depois de mais uma jornada de trabalho, quando fazia um frio rigoroso.
Porém, o dia seguinte amanhece com o sol radiante e a acorda ás sete horas, deixando que os raios passassem pelas frestas da janela do quarto e atingissem seu rosto. Foi quando Laura compreendeu que, para que o lindo dia ensolarado se fizesse, foi preciso toda aquela chuva da véspera, pois, sem ela, talvez o dia seguinte não fosse tão bonito. Esse singelo acontecimento a fez concluir que, para que alcançasse seus objetivos seria preciso uma caminhada não muito fácil.

No trajeto ela pensava então, numa maneira de voltar a estudar.
Logo que chegou ao trabalho, teve a idéia de dizer aos seus pais que estava fazendo hora extra e usar desse tempo para um supletivo do ensino médio, até então inacabado.

Mesmo que quase todas as colegas depositassem certa descrença na perseverança de Laura, sua amiga, Renata, que trabalhava na datilografia, a ensinava a digitar na máquina de escrever nos tempos livres e, ao perceber a evolução da colega, á indicou ao cargo de sua ajudante, uma vez que há tempos ela não via tamanho empenho nas demais candidatas ao cargo.

No primeiro dia na nova função que tanto sonhava, Laura sentia que o Sol matinal radiante começava a brilhar em sua vida. Ela olhava fascinada ao seu redor, ainda descrente do feito; sem saber que uma chuva viria ao seu encontro mais adiante.

Naquele mesmo dia, seus pais encontraram os seus livros e obrigaram-na a parar de estudar, fato que a impulsionou a ir morar sozinha, tendo ela saído naquela noite, uma vez que jamais pararia de correr atrás de seus objetivos depois de tanto caminhar.

Com o passar dos anos, Laura terminou e ensino médio, fez a faculdade de direito que tanto sonhara e passou, para isso, por muitos caminhos rudimentares e dificultosos, mas que apontavam para um único objetivo: não deixar o sonho ser atingido por um tiro de conformismo.

Laura comprova que um simples ato de questionar a realidade, pode mudar o destino.
Destino? Este está de acordo com nossos méritos.
Ele é algo flexível ás nossas atitudes e aos nossos objetivos, parceiro ou inimigo, depende da fome que se tem de não deixar um sonho morrer.


Ps: história baseada em fatos reais
Ps²: Volto á ativa agora, após um bom tempo sem postagens.
Peço desculpas, mas a falta de tempo tem sido bem frequente devido aos estudos..

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