segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uma Lágrima, um olhar.



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Amava o que fazia porque lhe diziam que tinha de amar já que seu trabalho era escolher amores, bem como seus antepassados do clã Cupido, Silas Cupido achava até um barato provocar um instante capaz de mudar para sempre a vida de duas pessoas, e ele também não ficava entediado pois, como ele já havia notado, amar fazia parte dos sonhos e desejos de quase todos os humanos.

Agora ele já estava crescido, mas seus afazeres da infância eram treinar pontaria de flechadas na Escola Cupido. Era verdade plena, como estava no Estatuto da Sociedade Celestial Art. III : Tendo o sobrenome Cupidos, Cupido ou outras variações assim o fará pela eternidade.
Mas ser um integrante do clã Cupidos não era apenas uma sina, eles tinham proezas como... bem, voar todos do Vale Celestial o faziam, mas ler o pensamento, essa sim era uma vantagem. Então funcionava assim: O cupido observa uma pessoa por um dia e também outra selecionada por compatibilidade de pensamentos entre eles e, por fim, ele provoca um olhar, ou melhor, "O olhar".

E não pensem que Silas fazia o que fazia pensando que os humanos viviam numa utopia, o olhar era essencial, sem ele nada aconteceria, porém não precisava ser à primeira vista. Afinal incontáveis eram as vezes em que, mesmo que ele já houvesse provocado o primeiro olhar, o amor demorava para acontecer e poucas foram as vezes de amores pronunciados instantaneamente ao ato.
Isso acontecia pelo fato curioso de que cada flechada tinha um prazo de efeito diferente para cada humano, mas se Silas fosse um veterano, aí sim com todo esse tempo de prática a flecha possuiria um efeito mais rápido e poderoso.
Resumindo, se você se apaixonou á primeira vista só há duas explicações: ou é por tendência sentimental – você é sensível ao amor, ou o seu cupido era veterano.


Na Escola Cupidos, os professores já não exerciam mais a profissão original- da escolha de amores entre humanos - eles apenas deixavam de lecionar, voltando á ativa, quando a sensibilidade de algum humano era tão pequena que o amor só aconteceria com duas flechadas sendo pelo menos uma de um professor, dependendo do nível de insensibilidade.
Para se tornar um professor ( ou pós-veterano) era necessário o acerto de mais de dois países de humanos na escolha do par perfeito, essa era a única possibilidade de “ fugir da sina do sobrenome”.

Acontece que a porcentagem de humanos insensíveis ao amor era tão grande que os professores estavam quase tão ativos como antes e a Escola Cupidos enfrentava muitas aulas vagas, o que levava aos aprendizes protestarem, exceto Silas (que estava no último ano), e em ,meio á tanto caos de protestos, professores voando pra lá e pra cá no mundo dos humanos e escola vazia, remeteu-se á uma reflexão numa tarde perguntando-se o que era Amor.
Sim, na escola não ensinavam o seu significado, apenas práticas de mira e aperfeiçoamento. E Silas não encontrava a resposta. Cansado de ficar prostrado, foi dar uma volta no mundo dos humanos.

Ao sobrevoar uma região onde um veterano ainda não havia atingido alguns corações preguiçosos novamente, Silas sentiu um calor nos olhos, a vista turva e uma lágrima contornado seu rosto angelical pela primeira vez, ao ver o choro de uma humana que acabava de descobrir o amor, o seu primeiro amor. Ambos não sabiam o que sentiam , ela só sabia que queria ficar parada ali, em meio á multidão e, por mais que Silas estranhasse, se encontrava hipnotizado nela. Ela parecia procurar algo com os olhos e ele sabia o que era; quanto mais ele se achegava em volta dela os corações batiam mais forte. Ele olhava para ela, e apesar de não mais estar escolhendo amores, sentia que o amor o escolhera. Porém ela não podia enxergar um ser habitante do Vale Celestial e sem "O olhar" o amor não se concretizava.

Silas foi embora e ela também, ambos incompletos, entretanto, amantes.

Agora ele entendia porque os professores não ensinavam o significado de amor. Justamente pelo fato de o amor ser um sentimento inexplicável.

E em meio ao caos Celestial, Silas encontrou o porquê do que fazia e o que fazia.
Como se no primeiro momento em que questionou as coisas seu coração tivesse se aberto para receber as respostas e o amor, sentimento que não se entende nem por definição até que ele se manifeste em nós.



Esse é para o Blokutando, nunca tentei participar, mas quem sabe...
O que vocês acham ?

Érica Rodrigues.

Sentimento Indefinível

Todo ser humano é capaz de sentir.
Todo ser humano é capaz de agir.
Todo ser humano é capaz de transmitir.
Todo ser humano é capaz.

Já parou pra pensar que todos os seres biológicos são dotados de sentimentos? Sim, aquela capacidade de sentir algo que inexplicavelmente parece nos acompanhar desde que fomos concebidos.
Pois bem, nós seres humanos temos algumas particularidades, afinal não são todos os seres vivos capazes de sentir alegria e tristeza, expressar a felicidade e outrora o sofrimento, contudo dentre centenas, senão milhares de sentimentos, existe um que é ao mesmo tempo o tudo e o nada, complexo e o simples; para este damos o nome de amor.

Ao longo dos séculos, muito se disse e se criou em torno do amor, protagonista de lindas histórias e terríveis guerras. Passamos pelo Amor Cortez que não era correspondido, o Clássico também conhecido como trágico, mas diante de tantas coisas, pergunto-me: O que houve com o amor nos dias de hoje?
A resposta nunca esteve tão próxima, afinal na contemporaneidade conseguimos perceber que para o amor não existe forma.

O amor acaba por se tornar muitas vezes uma atitude altruísta, uma doação ilimitada na qual colocamos o ser amado acima de nós mesmos, enxergando a perfeição naquele que amamos e eximindo-o de seus erros, todavia amar é muito mais que amar, não é apenas aceitar. Na contra mão, colidimos com o narcisismo e sua necessidade de admiração e preocupação consigo próprio, mas é bem lá no meio que tentamos esboçar o real significado do amor, no vai-vem desta balança em constante metamorfose.

Um sentimento tão sublime, não seria capaz de escapar de ilusões e utopias de perfeição, muitos vivem na busca de um outro mundo onde finalmente a felicidade seria tangível e nessa busca alguns passam a vida inteira a resmungar o quão pérfido é o amor e mal sabem que o encontramos na imperfeição.

Por fim a conclusão é inconclusa, amar por si só não basta, amar acima de tudo é respeitar, aceitar que aquele que amamos também está sujeito a erros tentando acertar.
O amor é algo que está marcado no curso de nossas vidas, mal nos damos conta, ele surge sutilmente e crava suas raízes em nossos corações.
O destinatário está sempre presente, do primeiro ao último pensamento do dia contamos cada pulsação até o reencontro, pois o impossível inexiste no coração de quem ama.

Daniel Rodrigues

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Apenas o mesmo começo.


O vento jorrava a areia avermelhada da obra da prefeitura na avenida, e arrastava folhas recém caídas das árvores com galhos bamboliantes, envolvendo também meu corpo que se direcionava para casa passando pela passarela sob a avenida, que parecia cheia e vazia. Observei novamente a avenida e vi muito movimento, mas ao olhar o céu me deparei com uma nuvem chuvosa que sobrepunha tudo...
(Érica Rodrigues)


Somente eu havia percebido, ou ao menos observado; o resto seguia a corrente, frenéticamente formando o cheio, preenchendo o mundo. Eu representava o vazio, o meu caminho diferente, a minha percepção : era solitária.
Eu ansiava a chuva, aquela chuva espontânea poderia me seguir. Ela sim era verdadeiramente cheia. Mas a chuva hesitava, e as pessoas prosseguiam. Talvez o vazio estivesse em mim, eu é que não me adaptava. A pessoas todas estavam cheias, mesmo que de coisas vazias. E talvez por isso é que se pode sentir solidão em meio á um mar de gente.
Apenas a nuvem chuvosa e brava era realmente completa. Meu corpo é 70% água e talvez um dia eu seja como ela. Mas como ela continuou ali, eu fui sozinha para casa .

Ela me sobrepunha, e o vento me envolvia com folhas e terra.

(Dan Novachi) - http://beaultifulstrangerr.blogspot.com






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