sábado, 30 de maio de 2009

Morango com céu azul.

Nas últimas tardes, observei o que na atual estação mais me agrada: o crepúsculo.
No outono, o céu é encantador o dia todo, enfeitado pelo vento, que passa e deixa seus rastros, como pinceladas brancas em contraste com o azul vibrante.
Logo depois vêm o momento da passagem do dia para a noite. É a este que me refiro, cujo mais me agrada e toca. A magia acontece quando os raios de Sol cortam as núvens, como se não quisessem ir embora, mas a noite fria vem convicta e ofusca os raios com seu véu escuro bordado em diamantes. Então, vejo o céu límpido e repleto de estrelas, o que me faz sentir protegida e insignificante.

Mas o crepúsculo, só ele me recorda a infância. Lembra-me das tardes de outono, nas quais eu comprava sorvete perto de casa, e sempre pedia o mesmo sabor: morando com céu azul. Voltava para casa perdida de alegria, como se minha felicidade estivesse contida naquele sorvete. E estava.

Na infância, vive-se de felicidades intensas e simples. Mas o tempo passa e as pessoas se apegam menos a momentos e mais a objetivos, ligando-se tanto ao futuro, que se esquecem do presente, como se a felicidade fosse algo planejável. E, de tanto planejar, a cegueira se instala de tal forma, que a felicidade se torna ilusória ou inexistente.

Pois bem, creio que no momento em que eu voltava para casa, com o sorvete na mão, conhecia e possuía o que hoje tantos procuram.

Ao lembrar-me deste fato com tamanha nostalgia, me dou conta de que cada momento de felicidade que eu vivi se petrificou no tempo. A memória cuida de embutir momentos em nós. Por fim, digo que após uma conversa que tive com uma garotinha chamada Érica, que estava com um sorvete na mão, sei o que é eterno e o que significa felicidade.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Apenas Verossímil.


Tenho sido mais absorvente. Agora, procuro observar melhor as pessoas, o mundo, os fatos. O principal é enxergar além do aparente. Aparencia é aquilo que vemos e ouvimos, mas não é o que sentimos. Ver a parte verossímil da vida é o ideal, porém só consigo enxergar o que quero, e isso acaba me cegando, porque tudo merece ser visto. Sendo este o meu porém, prefiro fechar os olhos e sentir.

Tudo o que permanece são os sentimentos, então para que viver na ilusão das aparencias? -escolho apenas viver. Entretanto, temo estar vivendo no círculo vicioso formado pela ilusão das palavras.

Imaginemos se cada vocábulo pronunciado fosse sempre verdade...Se todos os "te amo" que ouvimos quisessem sempre dizer a capacidade de renúncia, indiferentemente de QUAL renúncia. Neste caso vou olhar para minha própria face, plantar a verdade, e, novamente fechar os olhos para enxergar.

No futuro, tudo o que veremos, ao nos olharmos no espelho será quem nos tornamos, que por sua vez, será resultado do que VIMOS E VIVEMOS. Quem nos "gera" é a vida, porque quem a vive somos nós. E, de frente para o espelho, tudo dependerá do COMO a vivemos. Depende de quantas vezes você sentiu que seria capaz de renunciar qualquer coisa por quem AMA, quantas chorou por quem choraria por você, ou mesmo por quem não choraria- uma vez que podemos acreditar no que não passa de palavras,e de quantas vezes riu, ou ao chorar, encontrou alguém capaz de transmitir-lhe um sorriso, quando você já não acreditava mais em alegria. Ou seja, o que verá no espelho será fruto dos sentimentos, pois eles refletem a alma.

A face que verei no espelho será fruto do que fiz ontem, do que faço agora e do que viverei em cada instante das minhas primaveras. Espero me tornar verossimilmente
o que procuro ser, e merecer que me enxerguem.

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